quinta-feira, 18 de março de 2010

Carta

Querido Pedro,

Tenho que me livrar do vício de te escrever cartas que você vai ler (ou não) e (não) saber que são pra você.
Outro dia sonhei que você se casava com ela. Foi triste. E mesmo em sonho era quase incapaz de abafar as batidas do meu coração, desesperadas, descompassadas. Eu estava sofrendo porque não era real, de um modo ainda mais literal.
Ah meu bem, acredite ou não, estou sozinha, desdenhando paixões descartando futuros males(ou amores).
"Procuro evitar comparações entre flores e declarações", já que sonhava com as primeiras, enquanto você usava muito bem as palavras, me deixando inevitavelmente confusa.
As vezes te esqueço, tentando viver algo além. Mas ai, as feridas latejam, as cicatrizes evidentes, e as comparações são inevitáveis. Eu sinto sua falta, e sei bem que não deveria.
Queria te perguntar.. Se era pra ficar com alguém, de quem inicialmente você não gostava, por que não ficou comigo?
Se era pra iludir alguém com falsas declarações, falsas promessas e fingir que era amor.. Poderia ter sido comigo, se eu não soubesse, não me importaria.
No final, você não quis me ver.. Não quis ver a decepção que fomos um pro outro.

Sigo em frente, pra ver se encontro a felicidade, mas me perco na dor..

Com mágoa,
ainda sua, Sophia.


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ps: Sophia não pertence mais à Pedro, até porque.. nunca pertenceu realmente.. mas agora ela já se conveneu disso.. e acreditem.. ela morreu de rir ao ler a carta, pensando 'como eu era tão pueril'.. agora ela não tem mágoa.. rancor talvez.. mas não mágoa, e se torna mais fraca a cada dia.. porque guarda isso no peito..

quarta-feira, 3 de março de 2010

Relacionamento Perfeito

'Não eram namorados, não do tipo que assumem esse papel na sociedade, chama de apelidinhos bizarros ou se relaciona exclusivamente; mas eram do tipo que se gosta. Eram amigos que vez ou outra ocupavam com troca de saliva aqueles instantes em que nenhum dizia nada. E invariavelmente Sophia ganhava galos na cabeça quando o amigo subitamente a beijava,. Sempre havia uma parede e havia a surpresa que tornava tudo tão único e especial.
No mesmo dia em que suas bactérias se juntaram pela primeira vez, ela leu em um livro "Olhai os lírios do campo", trechos que imediatamente conectou à ideia que tinha de seu 'relacionamento' com Bernardo: " Por outro lado, era tão agradável aquela situação, tão conveniente, tão comoda, tão sensata.. Nada de alvoroço, nada de declarações piegas, de palavras de amor, nenhum ajuste de contas.." ' (Giovanna Bauer)

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Quando eu li esse texto pela primeira, foi quando decidi que seria Sophia, quem seria Sophia, e que eu, inevitavelmente entendia e vivia como Sophia.
Por enquanto, a minha Sophia, ainda não encontrou Bernardo.. mas ela quer que um certo alguém seja ele..
Enfim, essas são as coordenadas de um relacionamento perfeito, sem obrigações, só gostar, aceitar e conviver com isso! ;)