terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Bernardo.

Ela queria um Bernardo, com um amor quase escondido, um sentimento mal alimentado, uma relação maltratada, mas que lhe faria bem. É apenas Sophia, e ele, seu sonho guardado, mal inspecionado, que nunca procurou de verdade. E agora ele veio, indiferente, distante, carinhoso em segredo. Andar de mãos dadas, rir, fazer cócegas, era quase um namoro, mas sem as obrigações torpes que os relacionamentos impõem. Mas era suficiente? Não falta a eles um pouco mais de publicidade, envoltoriedade, assumir que estão juntos e tudo o mais?
Ela quer, ele é impassível, tanto que mal sabia descrevê-lo, ou entendê-lo, sonolento, errante, íngreme dentro das suas próprias dispersões, distrações nossas, amor.
Ela gostava, do modo engraçado como ela a encarava, e do modo como apertava seu quadril, ela odiava, mas ele se sentia tão satisfeito, por sabê-la irritá-la tão bem.
Não, não era amor, mas era quase, tinham os mesmo vícios, os mesmo gostos, os mesmo anseios, eram Sophia e Bernardo tal qual o modo que uma autora os descreveu.
Andavam juntos, se encontravam, saim, ficavam, e ela ainda sentia um pouquinho do ciúme que fazia questão de repudiar.
E ele, não sentia, e se sente, eu não consegui compreender isso por Sophia. Mas tenho esperanças, porque se gostavam, apesar de se manterem atrelados demais aos antigos amores frustrados.
Não tinham nada, nenhuma aliança, nenhum palavra, nenhum compromisso, só a atração, a conversa, as cócegas, e por mais pouco que fosse, e mais insignificante que parecesse, ela queria que ele fosse Bernardo, e mesmo que não fosse, no fim, era melhor que Pedro, e só por isso, já valia a pena.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Carta

Querido Pedro,

Tenho que me livrar do vício de te escrever cartas que você vai ler (ou não) e (não) saber que são pra você.
Outro dia sonhei que você se casava com ela. Foi triste. E mesmo em sonho era quase incapaz de abafar as batidas do meu coração, desesperadas, descompassadas. Eu estava sofrendo porque não era real, de um modo ainda mais literal.
Ah meu bem, acredite ou não, estou sozinha, desdenhando paixões descartando futuros males(ou amores).
"Procuro evitar comparações entre flores e declarações", já que sonhava com as primeiras, enquanto você usava muito bem as palavras, me deixando inevitavelmente confusa.
As vezes te esqueço, tentando viver algo além. Mas ai, as feridas latejam, as cicatrizes evidentes, e as comparações são inevitáveis. Eu sinto sua falta, e sei bem que não deveria.
Queria te perguntar.. Se era pra ficar com alguém, de quem inicialmente você não gostava, por que não ficou comigo?
Se era pra iludir alguém com falsas declarações, falsas promessas e fingir que era amor.. Poderia ter sido comigo, se eu não soubesse, não me importaria.
No final, você não quis me ver.. Não quis ver a decepção que fomos um pro outro.

Sigo em frente, pra ver se encontro a felicidade, mas me perco na dor..

Com mágoa,
ainda sua, Sophia.


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ps: Sophia não pertence mais à Pedro, até porque.. nunca pertenceu realmente.. mas agora ela já se conveneu disso.. e acreditem.. ela morreu de rir ao ler a carta, pensando 'como eu era tão pueril'.. agora ela não tem mágoa.. rancor talvez.. mas não mágoa, e se torna mais fraca a cada dia.. porque guarda isso no peito..

quarta-feira, 3 de março de 2010

Relacionamento Perfeito

'Não eram namorados, não do tipo que assumem esse papel na sociedade, chama de apelidinhos bizarros ou se relaciona exclusivamente; mas eram do tipo que se gosta. Eram amigos que vez ou outra ocupavam com troca de saliva aqueles instantes em que nenhum dizia nada. E invariavelmente Sophia ganhava galos na cabeça quando o amigo subitamente a beijava,. Sempre havia uma parede e havia a surpresa que tornava tudo tão único e especial.
No mesmo dia em que suas bactérias se juntaram pela primeira vez, ela leu em um livro "Olhai os lírios do campo", trechos que imediatamente conectou à ideia que tinha de seu 'relacionamento' com Bernardo: " Por outro lado, era tão agradável aquela situação, tão conveniente, tão comoda, tão sensata.. Nada de alvoroço, nada de declarações piegas, de palavras de amor, nenhum ajuste de contas.." ' (Giovanna Bauer)

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Quando eu li esse texto pela primeira, foi quando decidi que seria Sophia, quem seria Sophia, e que eu, inevitavelmente entendia e vivia como Sophia.
Por enquanto, a minha Sophia, ainda não encontrou Bernardo.. mas ela quer que um certo alguém seja ele..
Enfim, essas são as coordenadas de um relacionamento perfeito, sem obrigações, só gostar, aceitar e conviver com isso! ;)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Por vezes ela agiu por impulso, vezes por amor, agora estava sendo altruísta tentando ser egoísta, ela não queria sofrer(mais do que já estava sofrendo) e fazê-lo sofrer mais do que precisava.
Sim, ela estava estava terminando algo que nem deveria ter começado, e o fim, o fim foi triste, e o caminho, nem tão compensador.
Porque ela acabou se sentindo melhor, era ela de novo.
E ele, ela sabia o que ele sentia, e o quanto ele sofria, e não desejava que fosse assim, mas sabia..
Que por mais triste que fosse.. era o melhor modo..
Seriam felizes.. um sem outro.. seriam felizes..

sábado, 20 de fevereiro de 2010

'Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo...'

Eu disse isso pra mim ontem a noite.. Porque é fato, eu não tenho mais como, nem porque fugir..
Eu tenho que aceitar, o amor tá batendo na porta e eu não tenho pra onde correr. A não ser que eu queira de volta toda a promiscuidade da minha vida de tempos pueris..(Bons tempos remotos)
De volta aos tempos em que eu me perco, me entrego, caio, retorno, choro..
Mas sabe.. to começando a achar que o que tem pela estrada que leva ao fim.. por vezes.. até compensa..!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ela não pode dizer nada. É tão intensa e dramática. Ela se apaixonou apenas pra não se sentir vazia, se entregou em busca de atenção. Tentando esconder a realidade atrás de pupilas dilatadas. Irônico seria, se pra ela não houvesse amanhã. Como seria?
Tantas declarações a fazer, confissões, tantas coisas pra falar, desculpas a pedir. Ela nunca quis viver de verdade, se levar a sério.
O soar do relógio apavora, irrita e intimida. Toda sua vida pode desvanecer em cinzas, seu mundo cair em ruínas e seus sonhos em desgraça.
Ela derrama lágrimas corrosivas que antecipam a dor. Não seria tola ao ponto de continuar crendo em mentiras.
Sentada no canto do quarto com um livro na mão, derrubando mascaras e decifrando enigmas.
Ela queria fugir, viver no melhor estilo Junkie.
Brincando com lâminas,gatos pretos e espelhos trincados, ela encontrou sua sorte no azar.
Ela quis um mundo que não fosse assim tão imutável. Fugir com Alice, andar pela estrada de tijolos amarelos. Ter uma rosa como confidente, cativar raposas e admirar baobás.
Ela sempre teve que viver na incerteza, quis se impor. Ansiou ser livre.
E implorou para que não a mandassem crescer, ou mudar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Eu queria chorar, é sério, eu tinha uma mentira pra quem eu não gostava de mentir, uma mentira que iria gerar confusão.. 'Porra Sophia!'
Era só o que conseguia pensar..
Que droga.. eu acho que não estava emocionalmente preparada pra nós dois, estava indo rápido demais, e poxa, eu nem gosto dele tanto assim..
Eu estava mentindo pra quem me deu a vida, estava alimentando o amor de quem fez de mim a sua vida, e tudo que eu sentia era medo, medo do fim. Talvez eu sofresse, ou não, talvez eu me sentisse livre, ou triste e inevitavelmente cruel..
É esse o fato, eu tenho, desprezo, sofro e faço sofrer.
É a triste verdade, é a desprezível realidade, eu não quero mais, acho que nunca quis, e toda essa culpa de estar errando me corrói..
Eu me sinto tranquila as vezes, tensa a maior parte do tempo..
Eu preciso de espaço, preciso de ar, preciso de amigas, preciso..
ahh.. eu preciso de mim..
Eu sou egoísta, prefiro o 'eu' ao 'nós', isso é a verdade, e eu não quero ter que abrir mão da liberdade de ser eu, pra ser algo que eu não queira..
É.. eu acho que eu não quero mais, nem nunca quis, mas eu preciso pensar, tenho medo do fim e das consequências.. malditas consequências..

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Carta

Pedro,

Eu sempre quis te escrever uma carta, te dizer tudo que eu tenho engasgado aqui, tudo o que eu quis te dizer, e não tive coragem, não tive oportunidade ou não quis.
O fato é que o jeito que terminamos foi triste, porque eu queria ter acabado com tudo, não queria ter de novo a sensação de que você não me queria, nunca me quis.
Eu só queria dizer que depois da primeira vez que você me deixou, eu não sofri pelos motivos, sofri pelo fim, e eu chorei, muito, e mesmo assim te perdoei, e fui incapaz de te dizer a dor que causastes..
E a segunda vez que me deixou, realmente senti raiva e torci pela sua desgraça, eu deveria te odiar, muito, mais do que todos que já tocaram meu coração e o deixaram em pedaços, mas não, eu sou burra o bastante pra continuar te amando em silêncio, como se não me importasse mais..
E agora, te vejo com ela, tão feliz, tão.. apaixonado, você a ama, como nunca conseguiu se convencer que me amava..
E isso é ruim, porque chega a parecer que eu era a errada em esperar que você gostasse de mim, e se importasse comigo, eu sou sua amiga, a idiota que te dá conselhos pra fazer com que ela goste ainda mais de você..
Eu sou uma burra, de continuar te amando, e sonhando com você, esperando o dia em que você vai perceber que eu estive aqui o tempo todo, e você sofreu muito longe de mim..
Mas caro Pedro, tudo que eu espero é o dia em que você querer voltar pra mim, aí você vai perceber, que eu era burra o bastante pra continuar te tratando bem, mas que não sou estúpida ao ponto de continuar te esperando.

,Sophia


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Em breve mais Sophia e Pedro (e daí que é o que aconteceu antes da carta?)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sophia se sentia muito mal.. Ela estava se apaixonando.. mas não queria, ele era bom demais pra ter que suportar suas mudanças repentinas de humor, sua inconstância emocional, sua possível infidelidade. Ela tinha medo de sofrer, e magoa-lo, ou vice-versa..
Ela tinha vontade de ser promíscua, era a natureza dela, o normal dela.. Não queria mais brincar de se envolver.. Ela estava sonhando com ele, pensando nele, ela o queria mais do que tudo, de verdade, mas sabia que não queria por muito tempo, pelo menos achava que não..
Sim, pobre Sophia, já tem lágrimas prontas e tremores ensaiados, só está esperando o momento certo..

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

-Você sonha?
-Sim, eu sonho.
- Eu sonho com você, nós dois felizes em algum lugar, de mãos dadas e corações entregues. Nós dois empenhados em fazer dar certo, vivendo o amor como um bem comum, sincero e durável.
- Parece uma idéia absurda de casamento feliz no campo - ela riu - mas é bonito, meio irreal, mas bonito, como um sonho, não passa de um sonho, mas eu sei que é sincero... Você fala isso... Eu me sinto na obrigação de falar que te amo.
-E por que não diz?
-Porque não vou falar primeiro.
- Eu te amo...
-Eu sei- ela disse com os olhos cheios de lágrimas- Eu queria poder dizer que também te amo...
- E por que não diz meu amor? Eu já disse primeiro...
- Porque eu tenho medo
- Medo? Medo de que?
- De não ser verdade, eu não tenho certeza, e se eu disse e for mentira.? Eu não quero mentir, não pra você.. Porque eu acho.. É.. Eu acho que te amo..
-Você disse...
- Mas eu não tenho certeza...
- Não precisa ter certeza, é só sentir, e eu sinto... Que é verdade.. Porque eu sei que você nunca mentiria pra mim...